Mães de leite: por que a prática da amamentação cruzada não deve ser incentivada?

Mães de leite: por que a prática da amamentação cruzada não deve ser incentivada?

Se você já conversou com sua avó sobre amamentação, acabou descobrindo que ela foi uma “mãe de leite” e amamentou o sobrinho, o filho do primo, o filho da vizinha, o filho da amiga… Talvez até você mesma já tenha mamado em alguma tia que teve bebê na mesma época que a sua mãe! Acontece que, no passado, essa prática, chamada amamentação cruzada, era muito comum! Afinal, não existia ainda tanto conhecimento científico sobre os riscos de amamentar outro bebê – não só para o bebê, mas também para a lactante.

 

Aconteceu na novela

Há alguns anos, vimos em uma novela da Rede Globo, “O outro lado do paraíso”, uma cena em que uma mulher aceita amamentar o bebê de outra. E aconteceu em 2018, não no tempo em que as nossas avós amamentavam… Isso acabou levantando uma discussão muito importante sobre o tema, e até mesmo um posicionamento da Sociedade Brasileira de Pediatria, que trouxe o seguinte em sua nota:

 

“Tendo em vista o bem-estar e saúde da população, a SBP ressalta que a amamentação cruzada é contraindicada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois oferece risco de transmissão de doenças infectocontagiosas, como o HIV/AIDS, sobretudo para as crianças.

 

Por outro lado, os pediatras esclarecem que uma criança pode, sim, receber leite de outra mulher. No entanto, esse leite deve ser oriundo de doação a um banco de leite humano, onde recebe tratamento que o deixa livre de qualquer possibilidade de transmissão de doenças.”

 

A própria emissora de televisão voltou atrás e reparou o erro na novela, trazendo informações baseadas em evidências científicas.

 

Mas e os bancos de leite humano?

O leite materno doado é muito importante para a recuperação de bebês internados em UTI Neonatal. Ele contém o aporte nutricional necessário para a manutenção daquela vida, e cada gota faz total diferença na evolução de cada caso. Mas, o leite oferecido a esses bebês vem das suas próprias mães, que realizam a extração no hospital, ou de Bancos de Leite Humano do SUS. Nos Bancos de Leite Humano, o leite é recebido pelas doadoras e passa por um processo de pasteurização, a fim de torná-lo seguro para a ingestão dos bebês. Além disso, para se tornar uma doadora de leite, a lactante precisa passar por uma triagem e realizar exames de sangue periodicamente.

 

As mães que dão o leite a outro bebê também correm riscos?

Os riscos da amamentação cruzada também existem para a lactante: sabemos que o seio pode ser uma porta de entrada para patogêneses, principalmente se existirem fissuras. Muitas vezes, o bebê que mama pode errar a pega e causar microfissuras no seio da mulher, o que pode desencadear uma mastite no caso de algum ingurgitamento.Ademais, a amamentação cruzada pode favorecer a transmissão de candidíase mamária para a lactante e consequentemente para o seu bebê.

 

A melhor alternativa é prevenir!

Tendo em vista todas as informações e recomendações dos órgãos de saúde, além de evidências científicas que corroboram o fato, é importante desestimular a prática da amamentação cruzada, mesmo que seja “de brincadeira”, “só para uma foto” ou até mesmo na melhor das intenções de ajudar algum bebê que precisa mamar!

 

Como ajudar outras famílias que precisam?

A melhor forma de contribuir com as famílias que precisam do leite materno ou mães que apresentem qualquer dificuldade para amamentar, é recomendar a ida a um Banco de Leite Humano do SUS. Você pode encontrar o Banco de Leite mais próximo de você no site da RBLH

 

Esse é um artigo da Mamaluga. Nosso objetivo é contribuir, incentivar e empoderar famílias com o aleitamento materno! Para mais informações, visite as nossas redes sociais!

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